Estava ontem voltando do almoço para trabalho, e nesse horário geralmente acabo ouvindo a Crônica do Planalto, no CBN Total. Está disponível no site da CBN, caso alguém queira ouvir.
Um breve resumo da semana, antes de fazer minhas considerações. O PSDB resolveu representar o Sarney no Conselho de Ética do Senado. Em represália, o PMDB vai entrar com uma representação contra Artur Neto. Basicamente ambas pelos mesmos motivos, que incluem funcionários fantasmas, atos secretos e outras condutas duvidosas.
Destaquei a palavra “represália” acima porque achei extremamente triste. Eles não deveriam representar porque houve quebra de decoro? Porque seria o “correto”, do ponto de vista ético (posto que o Conselho é de Ética)? Uma declaração interessante sobre o assunto, do Senador Renan Calheiros, que apesar dos recentes escândalos envolvendo seu nome, é líder do PMDB no Senado: “O PMDB nunca quis representar. Não é característica do partido. Nós tivemos de agir com reciprocidade”. Deixa bem claro que a ética é o de menos. Se o Senado fosse sério, Renan teria renunciado o mandato ao invés de renunciar apenas a presidência da Casa. O Sarney teria renunciado pelo menos o cargo de Presidente no começo dessa novela de atos secretos. O Artur já estaria respondendo ao Conselho de Ética, desde que falou-se pela primeira vez no caso do funcionário fantasma que estudava na Espanha, do tratamento de saúde da mãe dele que nós pagamos e os U$10.000,00 que ele teria pego emprestado do Agaciel Maia. Aliás, se fosse sério, o próprio Senador faria questão de ir ao Conselho prestar esclarecimentos.
Agora, fica engraçado quando o Sarney e o Lula dizem que a crise pertence ao Senado, como instituição, desligado do nome específico de qualquer Senador. O Senado, claro, é uma instituição. Porém, isso não lhe confere vontade própria. A instituição é aquilo que seus membros são. A instituição não é enfraquecida pelas denúncias. Ela é enfraquecida quando qualquer tentativa de aprofundar as investigações acaba em pizza. Quando a sociedade fica com a percepção de que lá acontecem coisas erradas e ninguém é punido. Bom, talvez o Agaciel seja punido. Mas, e os Senadores?
O pior é que a gente sabe destas e de outras palhaçadas há muito tempo.
Quem não sabe que o Renan é um bandido ?
Quem não sabia do tratamento da mãe do Arthur ?
Quem não sabe de muito, muito, muito mais ?
O Senado sempre esteve em crise, e sempre o esteve pela presença desses vagabundos que nos representam.
Nada será resolvido, porque a pior coisa, é uma instituição que, na prática, é fiscalizada apenas por si mesma, e onde os membros tem garantias que os tornam não cidadãos, mas teo-cidadãos. É o que acontece, em linhas gerais, com o judiciário e ministério público.
CjC
Comentário por jeffersonchase — 07/08/2009 @ 12:06
Teo cidadãos. Ótima definição!
Comentário por jpmanaus — 07/08/2009 @ 23:38